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quarta-feira, 1 de junho de 2011

A cobertura do vôo da Air France

Cá estou em mais um plantão. Começo a manhã em frente a casa de um ex-vereador acusado de envolvimento com o jogo do bicho. Eu e toda a imprensa esperamos a saída dele do apartamento algemado, esperamos e esperamos.. há quase três horas. E nessa espera  lembro que há exatos dois anos, a esta hora, estava em uma correria frenética pelo Aeroporto Internacional para cobrir o acidente com vôo da Air France.

Fui a primeira equipe a chegar na redação daquela segunda-feira. Assim que entrei, soube que um avião tinha desaparecido do radar e só. Lembro que estava escalada para fazer uma matéria sobre a obrigatoriedade de tocar o Hino Nacional nas escolas do município (as grandes histórias não acontecem todos os dias). Diante da informação, mudamos o rumo e seguimos para o Galeão.

No aeroporto, parecia que nada tinha acontecido. O balcão da Air France estava fechado, os corredores vazios até que a notícia foi confirmada: o avião tinha caído. Telefones tocando a todo instante, entrada para rádio, para TV, enquanto encarava a difícil missão de abordar os parentes que chegavam em busca em informações.

Aos poucos, as vítimas ganhavam rostos a medida que conhecíamos as histórias de cada uma:  a família que viajava junto, o casal que estava em lua de mel, o engenheiro que seguia para África, o jovem comissário de bordo brasileiro que tinha um futuro promissor...

Seguindo a cartilha de "gerencimento de crises", a Air France montou uma base para atendimento aos parentes em um hotel na Barra da Tijuca (desta forma, diz a regra, a imagem da companhia fica "menos desgastada", já que se desvincula do centro da crise). Mas o que parecia certo para a empresa, foi extremamente desgastante para nós, jornalistas, e para as famílias das vítimas também, já que as entrevistas eram feitas na porta do hotel, no meio do empurra empurra, sem a calma e o cuidado que uma situação como essa exigiam.

 Por tudo isso, muitos parentes evitavam dar entrevistas, mas mesmo aqueles que se recusavam falar, nos procuravam, sem as câmeras e sem o microfone,  para entregar fotos dos parentes. Queriam divulgar a imagem de quem se foi, como uma espécie de homenagem, acredito eu.. Uma entrevista em especial me marcou: foi a do pai de um engenheiro que estava no vôo, que mesmo diante de todas as probilidades, ainda mantinha a esperança de encontrar o filho vivo. Nelson Freitas Marinho hoje é presidente da associação de parentes das vítimas do vôo..

Em breve, vou postar a entrevista aqui, assim que terminar o plantão..